O Desafio Pós Cármico



Quando alguém passa por uma experiência revolucionária, ou um processo arrebatador, é normal sentir os efeitos pós transformação, e uma nova adaptação é necessária.

Morrer e continuar vivendo é um processo único e tão peculiar.

Ainda me lembro tão bem como eu era antes de passar pela centrifuga cármica e o quão estranho é hoje passar por novas dores e desafios, e sentir ou pensar que está sendo mais difícil que naquela época, sendo que não foi tão simples assim.

Mas é isso o que é, novas dores, novos desafios, novas sensações. Tudo o que é novo parece e é desafiador.

É um terreno inseguro, desconhecido, dinâmico, e de improvisos. Já aquilo que é conhecido e rotineiro é bem o oposto.

E é bem nesta fase que me encontro, o desafio pós-cármico, a vivência pós tragédia, o seguir em frente sem olhar para trás. A folha em branco do novo capítulo.

Por mais que tantas coisas tenham mudado em mim, algumas permanecem as mesmas. Ainda estou aprendendo a não olhar para trás, ainda estou aprendendo a não comparar algumas situações, ainda estou aprendendo a não comparar pessoas.

O caminho da libertação não é automático e nem mágico. É solitário e penoso.

Apesar de toda a lucidez para comigo, a minha experiência se reflete a quem está ao meu redor, e principalmente, em quem está chegando.

Imagino que para quem não esteve antes, se depara com o novo, assim como eu, e trás consigo sua própria bagagem, e eu também tenho que me deparar com o que não vivi.

Porém, o limiar que estou é justamente aquele ponto em que o pãozinho que saiu do forno e foi colocado na cesta. Não está tão quente, não está tão frio.

Às vezes me pergunto se estou pronta para servir.

É quando o reflexo de olhar para trás deve ser evitado a todo custo!

Nascer de novo em vida é isso. O parto do processo cármico é doloroso, nada confortável, mas ao seu fim, torna-se conhecido.

Em outras palavras, agora ele não mais é tenebroso, mas continua a desafiar com o Novo que ele propõe.

Quem entra e quem sai, o caminho fica cada vez mais estreito.

Agora é hora de rir e chorar novas pitangas!


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